Nilton Kanindé – Voz da mãe terra

 

Sou um ser divino obra do criador, sou filha de tupã como vocês humanos, pois meu sangue cai das nuvens e borbulha entre rios e montanhas, minhas veias são as raízes de minhas filhas arvores, sou forte e meu espirito é fortificado através de vocês. Sou viva, sou pura e fértil. Sou mãe de todos, sois bela e imensa……

A muitos anos estou sofrendo, pois, meus filhos a cada dia me destroem um pouco, estou sentindo dor, estou doente. São tantos os males. É lixo, fogo, desmatamento, na verdade são inúmeras situações que a cada dia me enfraquecem. Estou sentindo-me como os indígenas que a cada dia são atacados, violados, mas acima de tudo são fortes e guerreiros.

Queria que todos me respeitassem da mesma forma que os índios me respeitam, cuidam, protegem, pois sabem que dependem de mim, dou o ar, a água, os frutos e de mim retiram diretamente sua sobrevivência. Eu e os índios temos uma relação de respeito muito forte, podendo buscar em mim pureza espiritual, usam métodos tradicionais belíssimos, e acima de tudo não me agride, como faz o homem que vive na sociedade hegemônica.

Então meus filhos me vejam como fonte de vida e de cultura e não como fonte econômica. Tenho fé em uma sociedade mais justa, mais humana e acima de tudo uma sociedade coletiva, na qual o respeito irá prevalecer.

VERSOS

MÃE TERRA, MÃE DE TODOS

 

Mãe terra

Lugar de grandes riquezas

E prosperidade

Onde nos ensina o valor

De sermos índios com dignidade

E mostrando para o ser humano

Suas inúmeras qualidades.

 

Á momentos na vida

Que devemos parar e olhar

Que grandes são seus ensinamentos

Que vieram nos fortificar,

Mostrando os seus saberes

Que só nela podemos encontrar.

 

Mãe terra por todos és tão amada

Pois carrega consigo

Nossa verdadeira identidade

De um povo sofrido

Que luta pelos os seus direitos

E pela igualdade.

 

Não podemos esquecer

O tempo de antigamente

Onde não se via tanta crueldade

Como se ver atualmente

Pois as terras que eram só dos índios

Hoje já não é totalmente.

 

 

Mas agora meus parentes

Não podemos desistir

Pois somos fortes guerreiros

E devemos todos se unir

Para lutar pelo que é nosso

Sem medo de reagir.

 

 

ANTONIO NILTON GOMES DOS SANTOS

POVO KANINDÉ

CEARÁ